É um show para entreter o público, uma ilusão.
Chamada de quarto poder no Estado, a mídia é protegida através da Constituição na maioria dos países democráticos do Ocidente. O motivo para isso é que os pais da Constituição assim quiseram, pois o objetivo principal da imprensa é justamente proteger esta Constituição.
A razão de ser da imprensa livre dentro de uma sociedade livre é fiscalizar as lideranças governamentais, pois indiferente como possa parecer, governos e aparatos estatais são compostos de pessoas e estas têm suas fraquezas, por exemplo, elas sucumbem ante a ambição por cada vez mais poder. Portanto, é tarefa da imprensa informar o povo sobre as atividades dos detentores do poder, seja nos aparatos estatais ou na economia. Porém, elas não cumprem esta tarefa; elas fracassaram totalmente.
A definição de uma mentira é de fato bem simples. Uma mentira é quando se deixa uma falsa impressão. Do ponto de vista dos poderosos, é tarefa da mídia construir uma falsa impressão sobre a realidade. Ela protege a elite estabelecida diante do povo, à medida que ela não permita às pessoas saberem o que a elite realmente faz.
Nós somos levados a acreditar que o problema da mídia é pressuposição e parcialidade. Notícias deveriam ser reportadas imparcialmente. A opinião dos jornalistas não deveria ser visível em suas notícias. Mas isso não é o real problema. O problema real é como funciona o sistema de notícias.
Fatos importantes são noticiados, os quais são chocantes por si só, e deveriam levar alguém a fazer algo. Estas notícias são partilhadas a todos de alguma forma, mas dependendo da forma como ela é compartilhada e distribuída, elas desaparecem no mar de informações. Os jornalistas reportam mais ou menos uma descrição exata dos acontecimentos, mas através da colocação e entonação pode-se sugerir sua importância. Desta forma, elas são escondidas em lugares menos importantes e exibidas uma única vez.Isso funciona então na percepção pública exatamente como no conto “A roupa nova do Rei”. Por exemplo, a gente vai a uma reunião de cem pessoas, todos estão dispersos e conversam entre si, mas uma pessoa no salão está completamente nua. As pessoas vêem aquela que está nua, olham ao redor e notam que ninguém está chocado, todos se comportam como se nada tivesse acontecido. Então a gente pensa que se isso não incomoda ninguém, então eu também vou fazer de conta que tudo está normal. É óbvio que eu não devo me irritar com isso.
Assim funciona o engodo midiático. Lê-se e ouve-se uma notícia, se revolta com seu conteúdo, mas nota-se que os meios de comunicação se comportam como fosse algo sem importância, ou seja, a opinião da sociedade é levada nesta direção a respeito do fato. Além disso, isso é denominado de politicamente correto.
Exemplo de manipulação e leviandade midiática foi o episódio da brasileira na Suíça, que se cortou toda com o intuito de pedir indenização junto ao governo daquele país, bem aos moldes da Indústria do Holocausto - NR.
Análogo ao episódio dos crimes de guerra de Israel na Faixa de Gaza. Durante mais de três semanas a indefesa população civil foi bombardeada e alvejada, onde 1.350 palestinos foram assassinados, dentre eles 850 crianças, 5.450 feridos, 4.000 construções destruídas e 21.000 avariadas, dentre elas 40 mesquitas, 50 escolas e diversos hospitais, tudo isso foi reportado pela mídia, mas foi tudo. Embora as notícias fossem mais do que chocantes, nada aconteceu, a mídia continuou com a pauta do dia.
Toda pessoa pensante e com sentimento de solidariedade e consciência deve-se perguntar, o que está acontecendo afinal? Um genocídio acontece e a mídia se comporta como se isso fosse normal, os crimes são simplesmente ignorados, até mesmo justificados com a mentira da legítima defesa. Aqueles que criticaram o regime israelense foram destratados e difamados. Ninguém exigiu que os responsáveis fossem punidos. É feito de tal forma, como se a matança de civis fosse algo sem importância, fica tal impressão generalizada e as pessoas absorvem esta idéia.
Por isso, não importa quão importante seja para alguém, o que a gente pensa sobre os problemas do mundo ou como nós nos engajamos perante a fome na África, ou a preservação de espécies animais em extinção, ou evitar que as florestas seja desmatadas, exploração do terceiro mundo, ou ser contra as guerras ou se posicionar lutando contra o sistemático desmantelamento da liberdade individual e contra a tirania, todos nós estamos sentado no mesmo barco, temos o mesmo inimigo, e este é a mídia estabelecida. Pois a mídia é o escudo dos criminosos que criaram os problemas na sua gênese, que são responsáveis pela injustiça neste mundo. Eles nos mentem diariamente e escondem a realidade.
O que acontece aqui é claramente um direcionamento daquilo que podemos saber e como devemos pensar. Quem se ocupa um pouco mais com a mídia percebe como as mídias noticiam sempre a mesma coisa, da mesma forma e em seqüência semelhante. Quase não existe diferença. Seria exatamente se todos os alunos fornecessem a mesma resposta na prova. Aqui tem algo podre e foi copiado de uma fonte. Isso acontece diariamente na indústria da informação.
Durante todo o dia, as mídias recebem uma enxurrada de centenas de notícias. Somente quando a gente observa o que eles escreveram, todos se concentraram em cinco ou seis manchetes,... e eles ignoram as mesmas notícias. Existe pouca diferença, eles salientam a mesma declaração, avaliam as notícias da mesma forma e divulgam a mesma opinião sobre o acontecimento, se silenciam mortalmente sobre outros temas. Não é necessário ser adepto de teorias da conspiração para enxergar que a formação da opinião pública é dirigida a partir de uma central.
Eu já trabalhei para um jornal e por isso conheço o sistema como as reportagens são codificadas pelas agências de notícias. São necessárias apenas algumas poucas pessoas nos lugares importantes para direcionar as mídias na direção desejada. Quem controla o fluxo de informações, controla a percepção dos acontecimentos. Além disso, adiciona-se a influência que recebem editores e redatores através do sistema, sejam dos partidos, governos, militares, serviços secretos ou conglomerados. Quem tem dinheiro e poder, este dita o que a opinião pública deve ou não saber.
Mas o importante não é quem faz ou por que fazem, mas sim antes de tudo, que nós sejamos conscientes da ilusão, manipulação e mau direcionamento, e por isso devemos analisar as mídias de forma crítica. Tudo que a gente lê, ouve e vê, e também o contrário, aquilo que a gente não percebe, o que eles abafam e deixam de lado, isso eles fazem de propósito. Uma coisa tem que estar clara, as mídias não reportam enredos reais, mas mostram o mundo como a elite reinante quer que nós acreditemos.
Seria condizente alterar a descrição das mídias, não mais rotulando-as como agências de notícias ou organizações de jornalismo, mas sendo sincero e dizer que elas compõem o departamento de Relações Públicas dos conglomerados e órgão de propaganda do governo. Os jornais e revistas devem ser chamados de catálogos e os noticiários na TV de intervalo comercial ad eternum e Infotainment.
Tudo isso pode ser comparado à Luta-Livre (Wrestling). Cada um sabe que os lutadores não lutam de verdade lá no ringue, mas eles proporcionam apenas um passatempo. São atletas bem treinados que se enfrentam, que simulam serem adversários, mas onde tudo é combinado e calculado. Após a “luta”, eles saem para beber cerveja como bons amigos que são. É um show para entreter o público, uma ilusão. Exatamente assim funcionam as mídias perante o Establishment. Elas estão na mesma cama sob o mesmo cobertor. As mídias não cumprem sua tarefa no interesse da população, mas servem os poderosos da elite governante.
Por isso, o que a imprensa e as emissoras de TV apresentam é apenas uma pequena parcela da informação real, na maioria das vezes trata-se fazer a cabeça, tomando a população por tola e distraindo-a dos temas que realmente importam.
Um bom exemplo disso é o que acontece nos EUA devido ao pagamento de bônus aos diretores da AIG. Uma senhora histeria é promovida por causa dos 165 milhões de dólares, todas as mídias mostram sua indignação diante desta injustiça, mas o tema principal é ignorado, onde foi parar os bilhões em dinheiro dos contribuintes, usados para salvar os bancos? Trata-se de milhares de bilhões! Por que justamente o banco Goldman Sachs recebe a maior parte da grana, onde o antigo secretário do tesouro de Bush Jr., Henry Paulson, foi ex-diretor? É surpresa, a maior parte da doação para a campanha eleitoral de Obama ter vindo do Goldman Sachs?
Ou é noticiado detalhadamente sobre o Zé da Esquina, mas que também naquele momento o presidente de Israel é acusado por múltiplos estupros, abusou sexualmente de suas secretárias e assistentes por anos a fio, isso é mencionado somente à margem, quando chega a ser noticiado. Diante de todos os atos desprezíveis que Zé da Esquina cometeu, ele é apenas uma centelha insignificante quando comparado aos crimes de um graduado político e governante de um país. A história de um é divulgada ao máximo, a do outro, silenciada.
Também quanto aos 50 bilhões surrupiados por Madoff e que desapareceram, parece não interessar às mídias nem um pouco. Ninguém quer saber quem o ajudou a executar esse gigantesco golpe e aonde foi parar o dinheiro. A suspeita repousa na hipótese de políticos e banqueiros terem encoberto e ajudado Madoff, pois só assim este golpe seria possível. Ao invés disso discute-se sobre a doméstica que roubou um pacote de manteiga. Aqui se vê a dupla moral e como banalidades são utilizadas para distrair a população dos acontecimentos mais importantes cometidos ou encobertos pela elite dirigente.
Nós vemos que o pequeno é atacado com uma fúria devastadora, seu caso descrito em pormenores, mas sobre os comportamentos criminosos dos poderosos é dito pouco ou até mesmo nada. Ninguém da mídia estabelecida exige que Bush e Cheney respondam pela ilegal guerra ofensiva contra o Iraque, baseada em mentiras descaradas sobre armas de destruição em massa e até o momento custou a vida de 1,3 milhões de pessoas. Como silenciar-se diante de tal genocídio?
Por isso mesmo, pessoal, parem de lutar uns contra os outros, não se trata aqui de esquerda contra a direita, ou de verde, amarelo, vermelho ou preto; ou ateísta, muçulmano ou cristão, o que nós ouvimos durante todo dia só serve para nos dividir. Existem temas muito mais importantes que são abafados, mas que atingem a todos. Em princípio, todos nós queremos a mesma coisa, nós queremos um mundo mais saudável, nós queremos liberdade e auto-determinação, nós queremos paz e justiça.
Aqueles que impedem isso e criam todos os problemas do mundo, não são apresentados através das mídias. Nós somos levados ao estado de dormência, somos distraídos, controlados e manipulados, e as mídias são as ferramentas, elas são nosso inimigo comum. Enquanto nós não tomarmos consciência deste fato, os criminosos do mundo irão nos governar e nos trarão somente desgraça.
Alles Schall und Rauch, 21/03/2009.
Um comentário:
Isso me lembra o que um homem que outrora fora amado por todos, e hoje é odiado, disse uma vez:
Neste mundo anglo-francês, existe, por assim dizer, a democracia, o que significa que é um governo do povo pelo povo. Agora, as pessoas devem possuir algum meio de dar expressão aos seus pensamentos e seus desejos. Examinando este problema mais de perto, vemos que as próprias pessoas inicialmente não possuem convicções próprias. Suas convicções são formadas, é claro, como em qualquer outro lugar. A questão decisiva é: quem ilumina estes povos, quem os educa? Nesses países, na verdade, quem domina é quem possui o capital, isto é, nada mais do que um grupo de algumas centenas de homens que possuem riqueza incalculável e, como conseqüência da estrutura peculiar de sua vida nacional, são mais ou menos livres e independentes. Eles dizem: “Aqui nós temos liberdade”. Por isso, eles querem, acima de tudo, uma economia descontrolada, e por uma economia descontrolada, a liberdade não apenas para adquirir o capital, mas para fazer absolutamente livre uso dele. Isso significa liberdade de controle nacional ou de controle do povo, tanto na aquisição de capital, quanto em seu emprego. Este é realmente o que eles querem dizer quando falam de liberdade. Estes capitalistas criam sua própria imprensa e, em seguida, falam da "liberdade de imprensa".
Na realidade, cada um dos jornais tem um mestre e, em todo caso, esse mestre é o capitalista, o proprietário. Este senhor, não o editor, é aquele que dirige a política do papel. Se o editor tenta escrever, além do que se adéqua ao mestre, ele é derrubado no dia seguinte. Esta imprensa, que é o escravo submisso e sem caráter dos proprietários, é quem cria os moldes da opinião pública. A opinião pública, assim, mobilizada por eles é, por sua vez, dividida em partidos políticos. A diferença entre esses partidos é tão pequena como era anteriormente, na Alemanha. Você sabe, é claro. Esses partido estão sempre procurando a mesma coisa. Na Grã-Bretanha estão normalmente dispostos de modo a que as famílias estejam sempre divididas, um membro que está sendo um conservador, outro liberal, e um terço pertencente ao Partido Trabalhista. Na verdade, os três se sentam juntos como membros da família, decidirão sobre a sua atitude comum a determinar. Um outro ponto é que o "povo eleito" (Judeu), na verdade forma uma comunidade que opera e controla todas estas organizações. Por este motivo, a oposição na Inglaterra é realmente sempre a mesma, por sobre todas as questões essenciais em que a oposição tem que se fazer sentir, as partes estão sempre em acordo. Eles têm uma mesma convicção, e um meio de moldar a opinião pública a imprensa ao longo das linhas correspondentes. Alguém poderia muito bem acreditar que nesses países da liberdade e da riqueza, as pessoas devem possuir um grau ilimitado de prosperidade. Pelo contrário, é precisamente nesses países que a angústia das massas é maior do que em qualquer outro lugar.
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