
Mario Sergio Cortella em seu pequeno livro: “Não estamos prontos”, da editora vozes, nos diz que muito antes da escola; a TV e os demais meios de informação bombardeiam as crianças com todo o tipo de lixo e degeneração. Qualquer um que venha a refletir em suas palavras entenderá que seu pensamento está absolutamente correto. Porém, antes de postar este trecho do livro aqui, quero ressaltar algumas divergências, que a meu ver, foram negligenciadas, ou propositalmente negadas (Já que o próprio autor escreve em jornais e participa de programas de TV, além de estar envolvido na política, tendo sido assessor especial, e chefe de gabinete do prof. Paulo Freire na secretaria municipal de educação de São Paulo, a quem substituiu no cargo de secretário).
Primeiro ponto: Não é possível que os meios de (des) informação não se dêem conta de que estão prejudicando toda uma sociedade, contribuindo para uma formação aleijada do caráter, como também negligenciando a obrigação primordial dos meios informadores: “Tornar conhecido imparcialmente o que ocorre no mundo a nossa volta.”
Segundo ponto: Como é possível que um meio de informação que “sem querer” contribui para a degeneração de um povo pode estar intrinsecamente ligado à educação. Seja em fundações (A exemplo: Fundação Roberto Marinho), ou mancomunadamente com o governo.
Não é permissível que uma instituição que faça questão de propagandear os benefícios da ajuda que dá (Haja visto que hora e outra vemos na TV anúncios sobre a ajuda da fundação Roberto marinho. Além das ajudas comunitárias como: Teleton, Criança esperança, ETC...) , não seja culpada por “propositalmente” estar transformando crianças em jovens condenáveis. Jovens esses, que serão o futuro de uma nação que ainda não caiu, porque sua terra (E não seu povo!) ainda é rica. Mesmo tendo sido saqueada por quinhentos anos de consentimento obstinado, por governantes fracos, e um povo que apenas assiste o mundo a sua volta mudar, mas que não faz se não chorar e pôr a culpa em outros, por aquilo que deveriam ter feito, mas suas poltronas e o futebol de domingo não permitiram.
Wagner S. Simeone
As sociedades ocidentais contemporâneas transferiram, pouco a pouco, os cuidados com as crianças das famílias para as escolas; a informação cognitiva, moral, sexual, religiosa, cívica, ETC., passou a ser entendida como uma tarefa essencial do espaço escolar, em substituição a uma convivência familiar cada vez mais restrita em qualidade e quantidade.
Por isso, quando nos aproximamos do início do ano letivo, não são só as aulas que chegam; na prática, é a entrada ou reentrada da nossa infância ou adolescência no território que se supõe seja o mais adequado para elas estarem (“Em vez de ficarem nas ruas e shoppings”...). Há, assim, uma crescente sacralização do espaço escolar como sendo um lugar de proteção/formação/salvação e, por consequência, uma maior responsabilização das educadoras e dos educadores nas guaridas das gerações vindouras; no entanto, essa responsabilização beira a culpabilização, como se a escola e os profissionais nela presentes tivessem, isoladamente, o exclusivo dever de dar conta de toda a complexidade presente na educação da juventude.
É preciso, porém, observar um fenômeno que explodiu nos últimos vinte anos: Uma criança dos centros urbanos, a partir dos dois anos de idade, assiste, em média, três horas diárias de televisão, o que resulta em mais de 1.000 horas como espectadora durante um ano (Sem contar com as outras mídias eletrônicas como rádio, cinema, e computador); ao chegar aos sete anos, idade escolar obrigatória, ela já assistiu a mais de 5.000 horas de programação televisiva. Vamos enfatizar: Uma criança no dia em que entrar no ensino fundamental , pisará na escola já tendo sido espectadora de mais de cinco mil horas de televisão!
Quando pensamos no campo da formação ética e de cidadania, os problemas na educação brasileira não são, evidentemente, um ônus, a recair prioritariamente sobre o corpo docente escolar; há um outro corpo docente não escolar com uma estupenda e eficaz ascendência sobre as crianças jovens.
Cinco mil horas! Imagine-se a responsabilidade daqueles que produzem as programações e as publicidades! Pense-se no impacto formativo sobre os valores, hábitos, normas, regras e saberes que os profissionais dessa área de mídia tem sobre os infantes e a chamada “primeira infância”, época na qual uma parte do caráter permanente da pessoa se estrutura!
É claro que isso obriga também os que lidam com educação escolar rever os objetivos e a metodologia de trabalho; afinal, crianças pequenas não chegam mais à escola sem alguma base de conhecimento e informação cientifica e social, dado que tem outras fontes de cultura no cotidiano. Entretanto, essa constatação não desobriga a mídia a pensar e repensar o seu papel social: valores discricionários, erotização precoce, consumismo desvairado, competição e não cooperação, individualismo, ETC., podem estar sendo “ensinados” sem que os na mídia envolvidos dêem conta disso.
Vale por isso, lembrar o que, em 1980, nos contou Adélia Prado em “Cacos para um vitral” , descrevendo uma cena familiar noturna em uma sala em pequenina cidade das Minas Gerais, quando fictícios personagens de novela borrifavam seus efeitos concretos na vida real: “Anselmo Vargas beijava Sônia Margot na novela das sete. O menininho de Matilde pediu: Mãe, muda o programa. Meu pintinho fica ruim”...
Mario Sergio Cortella
Um comentário:
Assino em baixo! Essa manipulação é proposital. Por detrás da mídia estão grandes corporações que faturam os tubos com a lavagem cerebral que é feita em nós desde a infância.
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