sábado, 21 de maio de 2011

Papel moeda, Inflação, e indignação



Imagine alguém, lá trás, no começo da historia, com bastante dinheiro. Vamos dar um nome para esta pessoa para facilitar o entendimento. Vamos chamá-lo de Isaac (do hebraico יצחק, literalmente "ele vai rir") só para ajuda na compreensão.

Obviamente o risco de ser roubado era iminente naquela época (Hoje é ainda pior). Isaac constrói um lugar reforçado (Um cofre) e coloca em seu interior todo o ouro que possui. Seus amigos ricos ficam sabendo da novidade, e lhe fazem uma proposta: “Colocar também as riquezas deles em seu cofre, e lhe pagar uma certa quantia em troca de seu favor”.

Isaac fica muito feliz, e começa a organizar o empreendimento. Para cada depósito em ouro, é entregue ao depositante, um documento provando que esta pessoa possui o equivalente em ouro, guardado no cofre de Isaac.

Com o a dificuldade e incomodo de se levar o pesado ouro para comprar suas coisas, além do perigo de ser roubado; as pessoas começam a trocar os documentos fornecidos por Isaac por produtos, ao invés de ouro.

Isaac que começou a história com boa intenção, começa agora a arquitetar algo sinistro! Ele percebe que as pessoas estão trocando seus documentos, e não buscando o equivalente em ouro em seu cofre (Já que a pessoa que recebia o documento como pagamento, preferia trocá-lo por outro produto. O que lhe era mais fácil, e seguro). Assim sendo, Isaac começou a emprestar o dinheiro das pessoas em troca de pequenos juros. Isaac sabia que não era provável que todos ao mesmo tempo, fossem buscar suas riquezas, e foi além! Começou a fornecer mais documentos (dinheiro) do que realmente tinha em seu cofre, gerando uma riqueza inexistente, mas com força para a troca de produtos.

Assim foi criado o dinheiro, e seu maior aliado, ”O Banco”.

Bom, com essa estória com fundo de história, é possível entender como o papel moeda foi criado. Agora vamos compreender a inflação:

Já ouvimos falar na televisão, que se as pessoas estiverem comprando muito, a inflação tende a subir. Logo, se todos diminuem suas compras, a inflação cai. Me estranha a mídia não explicar o porque desse fenômeno que é muito simples.

Se o governo fabrica muito papel moeda, e distribui entre seu povo; nós “o povo” começamos a comprar o que nos falta. Como a criação de moeda não corresponde a real riqueza de um país; se todos trocam dinheiro (Falso. Não representa riqueza alguma) por produtos reais, os preços tem que subir, pois estamos trocando um reles papel, por carros, computadores, máquinas de lavar, etc... Riquezas reais, que para existirem, é necessário a extração de riquezas naturais, e tecnologia para transformar essas riquezas em produtos como os que foram citados à cima. Ou seja, trocamos algo que nada vale por coisas que realmente existem.

Pensando bem, me encontrei com outro problema. Eu trabalho quinze dias em uma plataforma, contribuindo com a extração de petróleo. Retiro uma riqueza natural, que pode ser transformada em vários produtos (Ex: plástico, gasolina, isopor, óleo natural, tecido sintético,dentre muitas outras coisas...). Me é pago por este serviço, uma quantia em dinheiro que me ajuda a viver de acordo com a minha classe, “o Proletariado”. Ou seja, disponho de meu tempo de vida e de meu esforço físico, para em troca receber um papel que na verdade nada significa. E ainda mais importante, tenho que ser pobre, ou receber um miserável salário, porque se me for dado muito dinheiro de mentira, trocarei por riquezas reais que farão o governo aumentar o preço dos produtos, que por sua vez, me colocará novamente em uma classe inferior, de menor poder de compra. Por isso, não se pode acreditar no já velho grito jacobino de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade". Pois não é possível, dentro da economia atual, uma igualdade. O que há, na verdade já é visto desde os primórdios... Famílias ricas sendo sempre ricas, e a grande massa sustentando a boa vida dessas pessoas.

Wagner S. Simeone


Originalmente publicado em 06/07/2010

Um comentário:

Renato Ribeiro disse...

Exelente postagem!

Infelizmente a mentalidade do que seria uma vida confortável para o ser humano atual torna necessária essa exploração de grandes massas em prol de minorias abastadas.

Levando em conta o volume de consumo e desperdício de recursos que essas minorias provocam, seria impossível o planeta dar conta de nos abastecer, caso fosse permitida uma igualdade no padrão desejável pela sociedade (consumista) como um todo.

Para que fosse possível algo próximo a uma sociedade justa e igualitária, grande parte dos "privilégios", na verdade quase todos, da dita "sociedade moderna" teriam de ser cortados e todos deveriam aceitar viver em uma sociedade muito diferente da que temos hoje.

O problema é que isso demanda sensibilidade e desapego, sentimentos totalmente alheios ao animal chamado ser humano.