Hoje ao colocar gasolina no meu carro, tive de relance um pensamento que posto neste blog:
Não gosto do meu emprego. Mas permaneço nele porque, como todo mundo, tenho que honrar minhas contas, tenho que ter dinheiro para comer, tenho que ter dinheiro para levar uma menina no cinema, e tenho que ter dinheiro para colocar gasolina no meu carro. Passo dias terríveis aturando meu chefe (Que pensa ser meu dono) me mandando fazer coisas que eu não quero, para que eu possa ter algum vintém no final do mês. Para que eu possa entrar em um restaurante e tratar o garçom como o meu patrão me trata. Para que, como meu chefe, eu me sinta superior a uma pessoa que nem mesmo conheço. Pessoa que talvez seja melhor do que eu, mas que apenas não teve a sorte (Ou como alguns preferem, a bênção de deus) de ter conhecido alguém “importante”, ou não nasceu em uma família que pudesse pagar o seu adestramento. Digo adestramento e não estudo, pois em uma faculdade apenas se ensina a ter uma profissão; Transformando você em uma engrenagem mais complexa. É fácil perceber que apenas o dinheiro, e não a evolução é hoje o termômetro da superioridade. Tendo percebido isso, me dei conta de que é por isso que toda vez que tento explicar minha infelicidade, revelando meus verdadeiros motivos; sou, quando não julgado como um imbecil, recebido com incompreensão. Quando tento explicar que não posso ser completamente feliz sabendo que neste exato momento existem pessoas passando fome, sendo tratadas como cobaias, mortas com bombas de fósforo branco, escravizadas, tratadas como o lixo do mundo por pessoas que “foram abençoadas por deus”; sou recebido com um sincero desdém, e uma incompreensão vinda da alma. Ora, quem se preocuparia com essas coisas, quem ligaria para isso quando ser superior é apenas ter dinheiro; Quem neste mundo de valores invertidos entenderia que cada desgraça que acontece neste mundo fica gravado como o testamento da humanidade?
Um homem uma vez disse: “Com tantas pessoas morrendo pelos motivos mais fúteis, sou um privilegiado porque posso morrer por um ideal”. Quem hoje em dia pode reivindicar tal honra? Não meus amigos, a morte moderna não permite honra. Não da tempo para se ter um ideal, temos que trabalhar para conseguir coisas não ideológicas. Colocar gasolina é mais importante do que tentar viver por uma idéia! Afinal pra que lutar se tudo já esta perdido?! Para que o esforço, para que a dor? Afinal o mundo já é uma merda mesmo. Se não há hipótese de vitória, para que a luta? Essas perguntas realmente são contundentes. Fazem-nos ficar parados e... Comprar gasolina. Mas se olharmos com mais atenção veremos que estas perguntas não cabem neste problema. Não devemos perguntar se ainda há chance, pois não há. Não devemos indagar a possibilidade da vitória. Esquecemos que não se luta por vitória, se luta por ideais! “... sou um privilegiado porque posso morrer por um ideal.” A verdade existe na idéia de se lutar pelo que se acredita, e não em se lutar pelos espólios da vitória. Não há vitória em se morrer por um ideal, há somente o beneficio de se ter dado um motivo para a existência, que não o de comprar gasolina...
Wagner S. Simeone
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