sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A vil imprensa


 Entre as medida a serem adotadas, sugiro uma ofensiva séria e vigorosa contra a imprensa, tal como já foi empreendida, com bastante efeito, contra a igreja. A igreja progrediu muito em poucos anos; mas a imprensa é, quase sem exceção, corrupta. Acredito que, neste país, a imprensa exerce uma influência maior e mais perniciosa do que a exercida pela igreja em seu pior período. Não somos um povo religioso (Por mais que possa parecer), mas uma nação de políticos. Não damos importância à bíblia, mas sim ao jornal. Em qualquer reunião de políticos_ Como a que ocorreu outra noite por exemplo_, como soaria impertinente citar a bíblia! E como soa pertinente citar um jornal ou a constituição! O jornal é uma bíblia que lemos a cada manhã e a cada tarde, de pé ou sentados , caminhando ou a cavalo. É uma bíblia que cada um carrega no bolso, que repousa em cada mesa e balcão, e que o correio, e milhares de missionários estão entregando continuamente. É, em suma, o único livro que a América imprimiu, e o único que a América lê. Sua influência é vastíssima. O editor é um sacerdote que as pessoas sustentam voluntariamente. O dízimo, em geral, é de um centavo por dia, não é preciso pagar pelo aluguel do banco da igreja. Mas quantos desses sacerdotes pregam a verdade? Repito o testemunho de muitos estrangeiros inteligentes, bem como minhas próprias convicções, quando digo que provavelmente país algum jamais foi governado por uma classe tão vil de tiranos com são, com poucas e nobres exceções, os editores da imprensa periódica deste país. E como eles vivem e reinam de acordo apenas com seu servilismo, e apelando para o que há de pior, e não de melhor, na natureza humana, as pessoas que os leem estão na condição do cão que volta a comer o que acabou de vomitar. 

Henry David Thoreau _do livro  "A desobediência civil" escrito em 1849_ Pagina 70

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